Wednesday, December 31, 2008

À Porta de 2009...

Amigos Ciprestianos, Onomatopaicos e outros desaparecidos...

"Estamos no último dia do ano de 2008. E depois da meia-noite, virá o Ano Novo. O engraçado é que - teoricamente - continua tudo igual ... Ainda seremos os mesmos. Ainda teremos os mesmos amigos. Alguns o mesmo emprego. O mesmo parceiro(a). As mesmas dívidas (emocionais e/ou financeiras). Ainda seremos fruto das escolhas que fizemos durante a vida. Ainda seremos as mesmas pessoas que fomos este ano. A diferença, a sutil diferença, é que quando o relógio nos avisar que é meia-noite, do dia 31 de dezembro de 2008, teremos um ano inteirinho pela frente!
Um ano novinho em folha! Como uma página de papel em branco, esperando pelo que iremos escrever. Um ano para começarmos o que ainda não tivemos força de vontade, coragem ou fé...Um ano para perdoarmos um erro, um ano para sermos perdoados dos nossos... 365 dias para fazermos o que quisermos. Sempre há uma escolha... E, exatamente por isso, eu desejo que façam as melhores escolhas que puderem. Agradeça por estar vivo e ter sempre mais uma chance... Agradeça as suas escolhas, pois certas ou não elas são SUAS. Eu agradeço aos amigos que tenho. Aos que me "acompanham" desde muito tempo. Aos que eu escrevo pouco, mas lembro muito. Aos que moram longe e não vejo tanto quanto gostaria.
Aos que me "seguram", quando penso que vou cair. Aos que eu dou a mão, quando me pedem ou quando me parecem um pouco perdidos. Aos que me parecem anjos, mas estão aqui e me dão a certeza de que este mundo é mesmo divino.Vamos COMEÇAR e não Recomeçar"...


(Recebi pela Net, não me disseram quem criou e partilho com todos esse desejo.) Luiz Lima

Monday, September 8, 2008

À Margem dos Acordos Ortográficos

Transcrevo aqui um exemplo de que as línguas estão cada vez mais vivas e em evolução, para não dizer revolução, às vezes visceral, um contra-argumento aos Vascos Graças Mouras dessse mundo global, que pretendem agrilhoar a Língua, impedindo-a de se enriquecer.

Portunhol Sem Fronteiras

Mistura de português, espanhol e guarani, a língua cresce como movimento literário

CLAUDIA JORDÃO

Com o humor típico de um show man, o ator Paulo Betti roubou a cena no Festival de Cinema de Gramado, há duas semanas, no Sul do Brasil. Apresentador oficial do evento, Betti defendeu calorosamente a adoção do portunhol entre os presentes. Cinco filmes latino-americanos concorriam ao Kikito e cerca de 20 cineastas de países vizinhos participavam da premiação.

A iniciativa de Betti tem explicação. Recentemente, ele conheceu o poeta “brasiguaio” – termo usado na região de fronteira entre Brasil e Paraguai para definir pessoas que nasceram por aqui, mas vivem no país vizinho – Douglas Diegues e teve seu primeiro contato com o portunhol selvagem, uma versão, digamos assim, mais turbinada do convencional. Nascido da miscelânia que se fala na região da tríplice fronteira, onde ruas brasileiras, paraguaias e argentinas se confundem, o portunhol selvagem é uma mistura de português, espanhol, guarani e, até mesmo, inglês. O termo é de autoria do próprio Diegues, em homenagem às selvas primitivas da região.

De alguns anos para cá, no entanto, esse emaranhado de idiomas tem deixado a marginalidade das cidadezinhas fronteiriças para se tornar um movimento literário latino-americano. Na Flip, Festa Literária Internacional de Paraty, no mês passado, no Rio de Janeiro, o autor pernambucano radicado em São Paulo Xico Sá participou de uma mesa de discussão e debateu, boa parte do tempo, em portunhol selvagem. Além disso, a novidade tem lançado luz para o original. O portunhol foi a língua oficial da Flap – versão alternativa da Flip, no início do mês, em São Paulo. Além de brasileiros, escritores e poetas hermanos participavam do evento.
Os porta-vozes do movimento são poetas, escritores e artistas que estão presentes em quase todos os países da América Latina.

A miscelânia de português e espanhol migrou da fala para a escrita no início da década de 90, através do livro Mar paraguayo, do paranaense Wilson Bueno. Mas somente de dois anos para cá o uso da língua ganhou força na literatura latino-americana. Diegues é o precursor e divulgador-mor do movimento. Em 2002, lançou seu primeiro livro, Dá gusto andar desnudo por estas selvas. Depois disso, escreveu outras cinco obras e inaugurou a editora YiYi Jambo, especializada em lançar e traduzir títulos em portunhol selvagem. “Fundamos um komitê para traduzir as obras completas de Manoel de Barros al portunhol selvagem, al espanhol y al guarani”, diz Diegues, no mais perfeito portunhol selvagem. “Escrever nessa língua é divertidíssimo. Virou idioma oficial de e-mails e conversas de bar”, diz Joca Terrón, escritor mato-grossense radicado em São Paulo.

No Brasil, Terrón foi o primeiro a aderir à onda. Seu conto Monaks atravessam el Apa, escrito em portunhol em 2003, virou livro em 2006. Sua segunda obra, Transportunhol borracho, foi lançada um ano depois. A vontade de se aventurar pelo portunhol selvagem surgiu depois de Terrón conhecer Diegues pessoalmente. Mas, além disso, o escritor cresceu familiarizado com um mix de idiomas. Nascido em Cuiabá, cresceu em Bela Vista, cidade na fronteira com o Paraguai e com a Bolívia. “Lá, todos eram trilíngües. Aprendi que, apesar da diferença da língua, somos muito parecidos”, diz Terrón. Depois dele, vieram outros brasileiros. Xico Sá tem dois títulos: Caballeros solitários rumo ao sol poente e La mujer és un gluebo da muerte. Ronaldo Bressane é autor de Cada vez que ella dice xis. E a blogueira Clarah Averbuck é o membro mais novo do grupo. Ela escreveu um texto, em portunhol, em Nossa Senhora da Pequena Morte, que será lançado em setembro. Incansável, o próximo passo de Diegues é levar o portunhol para o cinema. Para isso, conta com o apoio de Paulo Betti. “Estarei no filme como ator ou na função que Douglas mandar”, diz Betti. “Acho que temos que perder a verguenza de hablar espanhol.”

O portunhol selvagem, assim como o convencional, que escapa da boca de qualquer brasileiro sem formação em espanhol diante da necessidade, não possui regras gramaticais. “É uma língua freestyle”, diz Terrón. Segundo os escritores, o público não leva a sério, mas se diverte. “Há uma reação lúdica (dos leitores)”, diz Xico. “Todo bêbado, louco e criança adora hablar em portunhol selvagem. Eis o segredo do sucesso e da longevidade”, filosofa. Durante sua participação na Flap, o escritor chileno Héctor Hernández Montecinos disse acreditar que, dentro de dez anos, o portunhol será a língua oficial da América Latina. Seus hermanos discordam. “Deixa o oficialismo com os homens dos Itamaratis da vida”, minimiza Xico Sá.

Revista ISTOÉ - Edição 2026 - 3 de Setembro/2008

Tuesday, July 8, 2008

Não deixemos cair no esquecimento o Acordo, e até para manter em banho-maria a língua, enquanto não chega o próximo "barbarionato", na expectativa de haja uma grande "aderência" de candidatos, como bem disse (ele deve achar) o Balsemão no discurso de abertura. Achei muito bom este artigo:

“A orthografia sem ípsilon”


O que se pretende com o acordo ortográfico (de 1990) é aproximar a ortografia de variedades de português praticadas no mundo, segundo um critério fonético simplificador. Acabam as consoantes mudas, como “c” em “acto”, que nem sempre têm a função de indicar a abertura da sílaba precedente, passo o didactismo – aliás, palavra que é uma excepção assaz didáctica – raios, cada tiro, cada melro, sendo que aqui o acento assegura a abertura da vogal. Quanto ao “h”, abundam os enganos: os “Hugos” não serão rebaptizados, “hoje” assim seria amanhã e “úmido” está mesmo para chegar, porque a etimologia o permite (temos o “humidus” e a variante “umidus”). O hífen há-de desaparecer nas formas monossilábicas do verbo haver e teremos mais umas palavras compostas aglutinadas, mas, apesar do esforço, as regras de utilização do hífen ainda seriam tão complicadas que a maior parte dos utentes da língua continuaria a acertas nelas por acaso ou por tentativa e erro. Nos acentos o acordo é mais conservador do que uma anterior proposta de 1986, pois apesar de perderem a acentuação palavras como “dêem”, “pára” e “pêlo”, saem intocadas as esdrúxulas, para alívio de quem tem cágados de estimação. Em suma, dois mil dos nossos vocábulos seriam alterados, sendo o impacto da medida relativo, porque o que impede a comunicação entre falantes de duas variantes da mesma língua não é a ortografia, é o vocabulário, seguido da pronúncia e das idiossincrasias gramaticais. Então, para quê tanto barulho?
Há os nacionalistas, que não aceitam que o acordo represente 1,4 por cento de alterações para Portugal e 0,5 por cento para o Brasil, a quem não preocupa o peso da demografia, capaz de condenar dez milhões a um ridículo “orgulhosamente sós” –, mas também não se vê que o Brasil aceite como contraproposta bordar uma esfera armilar na bandeira. Há os conservadores, que têm quanto à língua uma relação de reverência museológica. Há os teóricos e os puristas catastrofistas, que contestam a lógica utilitarista e rejeitam o primado da língua falada sobre o alfabeto, mesmo se o mais certo foi ter havido oralidade antes de escrita cuneiforme. Há os burocratas, que acenam com regras de procedimento e inconstitucionalidades. E há os editores e os livreiros, pouco empreendedores, que temem o mercado. Se fico indiferente a todos, não deixo de estar contra o acordo. Por princípio.
Não sei se a língua é a minha pátria, mas seguramente a minha infância. Aceitar mudar as regras é sempre uma violência, como se por decreto nos obrigassem a esquecer as férias de Verão. Espero, por isso, que o acordo não passe. Porém, espero também que a geração vindoura defenda as regras da língua que aprendeu, mesmo que estas sejam as do acordo que agora recuso, o de 1990, e não as do que interiorizei (de 1945). Paradoxal? “A linguagem fez-se para que nos sirvamos dela, não para que a sirvamos a ela”, disse Pessoa, que também escreveu: “a orthografia sem ípsilon [óbito em 1911], como escarro directo que me enoja independentemente de que o cuspisse”. Não há aqui heteronímia, apenas uma contradição que a passagem do tempo resolve e, havendo amor à língua, sempre recria.

Vasco M. Barreto, em Jornal Metro, de 14.04.2008
Bruno,
Acho que passei pelo Onomatopaico (quase) na hora certa de dar os parabéns pela data. Vou ver se apareço mais, agora que já estou mais rotinado nas novas funções.
Continue firme, em busca do Futuro. Ele é sempre gratificante, embora por vezes não pareça.
Abraços,
Luiz Lima

Monday, July 7, 2008

Qual a idade certa para ter ideias próprias?

" Aos 10 anos todos nos dizem que somos espertos, mas que nos faltam ideias próprias. Aos 20 anos dizem que somos muito espertos, mas que não venhamos com ideias. Aos 30 anos pensamos que ninguém mais tem ideias. Aos 40 achamos que as ideias dos outros são todas nossas. Aos 50 pensamos com suficiente sabedoria para já não ter ideias. Aos 60 ainda temos ideias mas esquecemos do que estávamos a pensar. Aos 70 só pensar já nos faz dormir. Aos 80 só pensamos quando dormimos. "


(fala de Bartolomeu Sozinho, personagem de Venenos de Deus, Remédios do Diabo, de Mia Couto, Caminho)


Mais um romance excelente do Mia Couto e que se lê num fôlego!

Parabéns Bruno!

Olá Bruno,

Parabéns pelas 18 Primaveras!

Estou atrasada, mas mais vale tarde que nunca, à boa maneira portuguesa!

Então e a nota a matemática? Espero que seja boa!

Beijos

Sunday, June 15, 2008

CHARADA ADICIONADA

Para aliviar o peso dos enigmas...
Penso que toda a gente (ou quase) sabe o que é uma charada adicionada. Escolhem-se duas ou mais palavras que nos permitam formar uma nova palavra resultante da "adição" das anteriores. Procuram-se sinónimos (ou definições) para cada uma delas e elabora-se uma frase ou uma poesia. Aqui vos deixo a primeira adicionada, também em verso, para decifrarem, com o pedido de que procedam da mesma maneira que no enigma anterior.

SAUDADE

O nosso amor NÃO CHEGA A CONCLUIR-SE,
Desfaz-se no caminho, bela Circe,
Dos nossos peitos nus e já sem voz.
Por que razão corremos como loucos?
Para cansarmos nossa sede aos poucos
Ou pela sede de ficarmos sós?

Doce canção que CAI NO ESQUECIMENTO,
Folhas caídas que se vão no vento,
Pálida luz de qualquer sol ausente
- Assim, ó minha Circe, o nosso amor,
Aquela força que perdeu vigor
E em nossos braços MORRE LENTAMENTE. 2,2

Os números no final indicam o nº de sílabas de cada parcial, logo a solução terá quatro sílabas.
A solução verifica-se no Grande Dicº da PE, obra de referência do CLP, mas também no Dicº da LP da mesma editora, ed. 2008.
Um bom domingo de pesquisas.

Marouvaz

Saturday, June 14, 2008

ENIGMAS...

A ausência de comentários ao enigma que publiquei há dias pode ter várias leituras, uma das quais será, porventura, o desinteresse pelo tema induzido pela falta de conhecimentos específicos e pela dificuldade inerente ao próprio enigma charadístico. Também não terá sido feliz a escolha do exemplo apresentado, precisamente pela sua dificuldade. Para começar, um enigma do género "tira e põe" seria certamente mais apelativo.
Lembro-me que publiquei há uns tempos, no ACERCA DOS CIPRESTES, um soneto que contém um enigma charadístico muito simples, mas sem o ter apresentado como tal. Vou reproduzi-lo agora, lançando-vos o desafio de o decifrarem. A solução verifica-se integralmente no Dicionário de Sinónimos da Tertúlia Edípica, compilado e organizado por charadistas e, mais tarde, cedidos os direitos à Porto Editora. Hoje não será mais o TE, como nós, charadistas, carinhosamente o designávamos, mas o Sinónimos Editora. Vamos então ao enigma:

A CIDADE IMPOSSÍVEL

Partiram-se as cadeias da amizade:
O sol banhou de sangue o horizonte
E um longo eco vai, de monte em monte,
Levar a nova ao povo da cidade.

As portas já fechadas, ninguém há-de
Saber de novas com que não se conte...
Nem mesmo as nuvens transporão a ponte
P'ra ensombrar a irreal tranquilidade.

E na noite de paz, silente e bela,
Toda a cidade é o beijo duma estrela,
Um murmúrio de amor, um doce abrigo.

Ignorando a mensagem vã de guerra,
Eis a cidade-oásis-céu-na-terra,
Onde homem é sinónimo de AMIGO. 8 let.

A solução é, pois, um sinónimo de amigo, com oito letras, ao qual se chega através de operações (neste caso apenas uma) com sinónimos. Quem decifrar, mande a solução para o meu mail (m.veesse@gmail.com) em vez de a divulgar aqui, para manter o suspense durante alguns dias. Quando houver um número razoável de decifradores, eu publico a solução e os respectivos nomes.

Um abraço amigo do Marouvaz

Thursday, June 12, 2008

Ciprestianos

Amigos Ciprestianos,
Há muito queria dizer que estou "quase" vivo, pois esse negócio de corrigir actas é infernal e não sobra tempo para interagir no Onomatopaico. Quando muito, tenho coleccionado alguns textos que, agora que consegui aceder ao Blogue e enviar mensagens, vou publicá-los para vosso lazer. ´
Logo, logo...
Abraços a todos.
Bruno,
Esta é uma tentativa, para ver se ultrapasso o problema de que te falei.

Saturday, June 7, 2008

OVNI (ou uma conversa de surdos-mudos)

Noite estrelada. O céu estava lindo.
Fresca aragem soprava no planalto
Onde imensos mirones tinham vindo
Tomar o espaço sideral de assalto.

Um deles, largo gesto repetindo,
De dedo indicador em riste, ao alto,
Cerca o lugar em que, no céu infindo,
Um ponto luminoso é sobressalto.

E a turba admira, presa de emoção,
Aquela deslumbrante aparição
Mais fúlgida que o próprio firmamento.

"Ovniamente", diz o mais facundo,
"Que se trata de nave de outro mundo".
E todos preitearam seu talento...

*****
A palavra TALENTO deveria estar grifada e ter adiante a indicação 3 letras. Trata-se de um enigma, cuja solução é exactamente um sinónimo de TALENTO com esse número de letras. Para se chegar à solução é preciso descobrir e explicar o que os charadistas chamam o encaixe, o entrecho, a trama ou a urdidura do enigma, isto é, uma sequência de operações com sinónimos ou equivalências de palavras ou sintagmas do texto que conduzam a essa palavra-solução.
Primeiramente devemos registar os sinónimos disponíveis do conceito do enigma (a tal palavra grifada) com o número de letras indicado e, em seguida, ir fazendo tentativas com cada um deles. Só a experiência e a inspiração nos poderão orientar nesse dédalo misterioso e, não poucas vezes, maravilhoso que é a trama de um enigma charadístico. No fundo, aquele "faro" que nos advém da conjugação harmoniosa da experiência e da inspiração. E, claro, quanto mais vasto for o conhecimento da língua, tanto melhor, particularmente ao nível da sinonímia.
Muito mais haverá ainda para dizer, tal a variedade de encaixes de enigmas que podem ser "urdidos". Fá-lo-emos a seu tempo, caso a caso.
Por hoje, ficaremos com a explicação deste que, como o subtítulo sugere, remete para o alfabeto dos surdos-mudos, devidamente registado num pequeno dicionário brasileiro chamado "Índice Monossilábico Enciclopédico", adoptado na revista charadística onde o enigma foi publicado há já muitos anos.
O corpo do enigma é o seguinte: "repetindo, de dedo indicador em riste, ao alto, cerca o lugar em que". No alfabeto dos surdos-mudos, o dedo indicador em riste, ao alto, tanto pode designar a letra L como a letra Z, consoante a orientação da palma da mão; o LUGAR EM QUE é o arcaísmo U, também registado no mesmo IME, conhecido entre os charadistas por Lirial, do pseudónimo da seu autor, Ed. Lirial J.or. A partir daqui já não há mistério: LUZ é sinónimo de TALENTO e a solução do enigma. Mas convenhamos que sem o subtítulo "uma conversa de surdos-mudos" seria bem mais difícil. Foi o que aconteceu na publicação original para charadistas.
Desculpem esta eventual maçada. Vou assinar com o "velho" pseudónimo charadístico.
Marouvaz

Friday, June 6, 2008

CAMPEONATO INTERMÉDIO LÍNGUA PORTUGUESA

Caros companheiros,

A SIC e o Expresso, bem como os habituais patrocinadores, dada a grande "aderência" (Balsemão dixit) do campeonato deste ano, vão organizar um novo campeonato da língua portuguesa.

Vai ser a seguir ao europeu de futebol, com prémios melhorados.

A Bárbara apresenta, mas não lê os ditados.
A CTC vai ser remodelada e os testes vão ser resolvidos pela mesma a priori.

Abraços onomatopaicos,

CC

Tuesday, May 13, 2008

Pela primeira vez, vou deixar aqui uma mensagem que também coloquei no meu blogue pessoal, mas tendo em conta o seu conteúdo (que a mim muito me apraz), certamente não levarão a mal, esta minha atitude.

Aqui fica então:

Este ano, o Festival de Cinema de Cannes vai abrir com "Blindness", a adaptação cinematográfica do livro de José Saramago - Ensaio sobre a Cegueira -

O seu realizador é o brasileiro Fernando Meirelles e conta com o seguinte elenco: Julianne Moore,
Mark Ruffalo,
Danny Glover
Gael Garcia Bernal,
Alice BRAGA,
Yusuke ISEYA,
Yoshino KIMURA,
Don MC KELLAR
Sandra OH


O fio condutor do romance é a cegueira que leva não só as personagens como também o leitor a reflectirem sobre as relações entre o individual e o coletivo.
A "cegueira branca" é o símbolo do discurso da perplexidade. É a fantasia de um autor que nos relembra "a responsabilidade de ter olhos quando os outros os perderam".

Numa mescla de literatura e sabedoria, José Saramago obriga o leitor a reflectir, a fechar os olhos e a ver. Resgatar a lucidez e o afecto numa sociedade em crise é afinal a principal mensagem.


Trata-se de uma livro excepcional , revelador da extrêma lucidez do seu autor perante a nossa sociedade.
Aguardemos pela exibição do filme em Portugal.

Sunday, May 11, 2008

Exercícios de Língua Portuguesa

Olá a todos,


Disponibilizei, em utilidades, uma página com exercícios diversificados de sintaxe, ortografia, morfologia, provérbios, ....

Apesar de não apresentarem um grau de dificuldade elevado, permite-nos treinar e rever alguns aspectos.

Bom trabalho.

Abreijos,
Grace

Monday, May 5, 2008

À MINHA LINDA CIDADE

É a única poesia obrigada a mote que compus em toda a minha vida.
O mote é do poeta António Correia de Oliveira:

Senhora Santa Luzia,
Vossos olhos como são?
São olhos de ver Viana,
Não quero fechá-los, não!

Eis a minha glosa:

Eu tenho sede de amar
O mistério deste dia
E vê-se lá em baixo o mar,
SENHORA SANTA LUZIA...

O vento traz-mo nas asas
E eu bebo-o no coração.
Meus olhos são como brasas,
VOSSOS OLHOS COMO SÃO?

Ah, se esta pedra soubesse
Donde a minha sede emana,
Que são meus olhos em prece!
- "SÃO OLHOS DE VER VIANA,

Poeta que vês escolhos".
Oh, sinfonia-canção!
Oiço Viana nos olhos,
NÃO QUERO FECHÁ-LOS, NÃO!





Thursday, May 1, 2008

Bom dia a todos!

Mesta minha primeira contribuição, começo por agradecer ao José Luís a disponibilização deste espaço para a nossa interacção literária.
Assim, e sendo um apaixonado da leitura e da escrita (com realce para a poesia), deixo-vos um soneto de minha autoria.

Abraços,
António


INSTANTE

Se, nessa eternidade do momento
em que sentes os tempos já tolhidos
pela doce fragrância dos sentidos
emanada por forte sentimento,

olvidas esse anátema opulento
que vive e segue e castra os sonhos tidos,
e apagas esses tempos tão sofridos
em troca do que sentes num lamento...

Repousa então na sombra deste olhar
que mira e olha e sente o teu pensar,
e sorve a tensa e densa nostalgia...

E, solta pelos ventos da lembrança,
apoia-te em pilares de esperança
e pula e canta e vive cada dia.

Monday, April 28, 2008

Revista LER

A revista LER, fundada em 1987, regressa às bancas, sob a direcção de Francisco José Viegas. Totalmente renovada, apresenta uma nova imagem gráfica. De carácter geral, no âmbito da língua portuguesa, este número dispõe de um grande número de colaboradores e colunistas que se pronunciam sobre livros e sobre a vida que anda neles.

Sunday, April 20, 2008

Língua Bífida


Já que andamos numa onda de Acordo Ortográfico, deixo-vos esta crónica de José Diogo Quintela:

Quando aqueles empresários portugueses foram mortos em Fortaleza, apanharam um dos brasileiros que agiram a soldo do mandante, o famigerado Luís Militão. Ainda me lembro do rapaz negar ter conhecido os empresários, dizendo "Pô! Mas eu nem sei falar português!" Talvez com o novo acordo, passe a saber.
Não sei se sou contra ou a favor do Acordo Ortográfico. Sei só que, se avançar, exijo que de pronto disponibilizem o spell check para o Windows devidamente actualizado. É-me indiferente se muda a língua ou o que é. Assim como assim, já dou imensos erros. Não domino a versão antiga, também não vou dominar a moderna. Quanto muito, até fico com uma boa desculpa para as minhas calinadas. "Ai, não é "improvisas-te"? É "improvisaste"? Que cabeça a minha, ainda não me habituei ao novo acordo." Nunca mais vou precisar perder tempo a decidir se é "à" ou "há". Antes, se saía cara era com "h", se saía coroa, era sem. Agora é pôr o que ficar melhor na frase e, se estiver errado, culpar o acordo.
Ao lermos ementas de restaurantes, panfletos de hipermercados ou outdoors de publicidade, deparamo-nos com uma data de erros que vão continuar a ser dados. Para grande satisfação popular. Quem não gosta de rir à socapa de uma "assorda de marisco"? Claro que, se estiver estragada, quem ri por último é o analfabeto do cozinheiro. Por alguma razão cada vez há mais pratos com nomes estrangeiros. Há mais confiança para escrever "risotto" do que "arroz malandro".
Este acordo vai ter tanto impacto no lúmpen falante como um aumento no IVA dos iates de 27 metros na vida de, bom, basicamente todos os portugueses sem dinheiro para iates desses. E na dos portugueses que, tendo dinheiro para isso, enjoam no mar.
O lúmpen falante está-se nas tintas se em vez de "hão-de" se vai escrever "hão de", porque vai continuar a dizer "hádem". E se lhe falarem no desaparecimento do hífen, é possível que levem uma murraça. Eu faço parte do lúmpen falante, mas disfarço mais ou menos, porque tenho um bom spell check no computador e os meus textos ainda passam pelo crivo salvador dos revisores. Em termos linguísticos, sou um arrivista. Quero parecer mais do que sou. Uso o dicionário de sinónimos com destreza e misturo-me com os fluentes na língua que, por momentos, me tomam por um deles. Só que depois escrevo qualquer coisa à mão e, sem o protector risquinho encarnado (que ainda agora me chamou a atenção para botar outro "r" em "arivista") a corrigir-me, sou desmascarado. O risquinho encarnado do Word é aquele amigo que nos diz para não usarmos meias brancas com fato escuro num casamento.
De maneira que não estou muito preocupado com isto do acordo. Hei-de continuar a intrujar quem me lê. Para, daqui a alguns anos, poder ouvir dizer "aquele Zé Diogo sempre foi um impostor. Os primeiros fatos que aldrabou ainda eram com "c"".

in P2, Público (20 de Abril de 2008)

ainda a final do campeonato

Se há coisas, que me ficaram atravessadas na garganta, foram os erros que cometi no ditado. Assim, em vez de a-propósito escrevi apropósito, em vez de tonitruantes, tronitroantes (este imperdoável). Em vez de doesto escrevi doexto (foi pronunciado como sexto e não como cesto), o termo esfuziava estava completamente convencido que se escrevia com a letra s. E por último o grugrulejar, que uma vez que a Bárbara já tinha dito “simbilinamente” e “superflamente”, pensei que ela queria dizer gorgolejar.
Já que este ano apareceram os autores a lerem para a televisão, também não era necessário que fosse a Bárbara a ler o ditado da parte da manhã. É que ela lê mesmo mal…
A propósito de grugrulejar, um poema das vozes dos animais, sem a voz do peru:

Palram pega e papagaio
E cacareja a galinha,
Os ternos pombos arrulham,
Geme a rola inocentinha.

Muge a vaca, berra o touro
Grasna a rã, ruge o leão,
O gato mia, uiva o lobo
Também uiva e ladra o cão.

Relincha o nobre cavalo
Os elefantes dão urros,
A tímida ovelha bala,
Zurrar é próprio dos burros.

Regouga a sagaz raposa,
Brutinho muito matreiro;
Nos ramos cantam as aves;
Mas pia o mocho agoureiro.

Sabem as aves ligeiras
O canto seu variar:
Fazem gorjeios às vezes,
Às vezes põem-se a chilrar.

O pardal, daninho aos campos,
Não aprendeu a cantar;
Como os ratos e as doninhas,
Apenas sabe chiar.

O negro corvo crocita,
Zune o mosquito enfadonho,
A serpente no deserto
Solta assobio medonho.

Chia a lebre, grasna o pato,
Ouvem-se os porcos grunhir,
Libando o suco das flores,
Costuma a abelha zumbir.

Bramam os tigres, as onças,
Pia, pia o pintainho,
Cucurica e canta o galo,
Late e gane o cachorrinho.

A vitelinha dá berros,
O cordeirinho balidos,
O macaquinho dá guinchos,
A criancinha vagidos.

A fala foi dada ao homem,
Rei dos outros animais:
Nos versos lidos acima
Se encontram em pobre rima
As vozes dos principais

Pedro Dinis

Saturday, April 19, 2008

De novo o Campeonato ...

Aquando da Grande Final do Campeonato da Língua Portuguesa 2008, um grupo de concorrentes entregou a Francisco Pinto Balsemão uma carta de protesto e um abaixo-assinado, como tentativa de chamar a atenção do patrão do Grupo Impresa para as falhas cometidas pela CTC (Comissão Técnico-Científica) na elaboração e correcção das provas de qualificação.

Ao que parece, Balsemão leu a carta e desvalorizou as críticas dos concorrentes: "É uma história que já não é nova. Não vamos agora por causa de alguns protestos, vindos quase sempre das mesmas pessoas, substituir esta Comissão, na qual temos confiança". No entanto, Balsemão refere que analisará melhor a situação, para saber se os concorrentes têm razão no que dizem.

Se quiser ler o artigo do Correio da Manhã, clique aqui.

onomatopeias

Chuva, porque cais?

Vento, aonde vais?

Pingue... Pingue... Pingue...

Vu... Vu...Vu...

Chuva, porque cais?

Vento, aonde vais?

Pingue... Pingue... Pingue...

Vu... Vu...Vu...

Ó vento que vais,

Vai devagarinho.

Ó chuva que cais,

Mas cai de mansinho.

Pingue... Pingue...

Vu... Vu…

Muito de mansinho

Em meu coração

Já não tenho lenha

Nem tenho carvão...

Pingue... Pingue...

Vu... Vu…

Que canto tão frio,

Que canto tão terno,

O canto da água,

O canto do Inverno...

Pingue...

Que triste lamento,

Embora tão terno,

O canto do vento

O canto do Inverno...

Vu...

E os pássaros cantam

E as nuvens levantam.



Matilde Rosa Araújo, in O Livro da Tila

Acordo ortográfico ou talvez não?

Agora que somos de novo confrontados com a questão do acordo ortográfico, relembro o " Poema de Helena Lanari" escrito por Sophia de Mello Breyner Andresen:

Gosto de ouvir o português do Brasil
Onde as palavras recuperam sua substância total
Concretas como frutos nítidas como pássaros
Gosto de ouvir a palavra com as suas sílabas todas
Sem perder sequer um quinto da vogal

Quando Helena Lanari dizia o "coqueiro"
O coqueiro ficava muito mais vegetal.

_______
Não será a variedade linguística que torna, a língua de todos nós, mais rica e apaixonante? Como eu compreendo Sophia

Confiança

O que é bonito neste mundo, e anima,
É ver que na vindima
De cada sonho
Fica a cepa a sonhar outra aventura...
E que a doçura
Que se não prova
Se transfigura
Numa doçura
Muito mais pura
E muito mais nova...
Miguel Torga

FIO DE SANGUE

Deixem-me só como estou:

rodeado de mim, cheio de mim

agarrado a mim

(desesperadamente agarrado a mim)

os dedos cravados numa alma nua

(angustiadamente nua)

e um fio de sangue a escorrer

invisível, imperceptível

terrível

como a sensação brusca e forte

de lançar os braços à lua

e agarrar, por engano, a morte.



Estou cheio, senhores, estou cheio

deste pseudo-amor do mundo

desta ternura-não de tudo

deste tédio-mais-que-tédio de sombras iluminadas

a fingir pessoas em carne e osso

de mãos estendidas e coração aberto.



Não, não posso!

É tudo demasiadamente certo

para que ame o nojo em que me roço.



Ah, desesperada solidão

de querer o mundo todo nos braços

e sentir o coração

em pedaços!

Abraçá-lo! Abraçá-lo!

E ter na boca um travo negro

de despeito

e ter nos olhos um brilho doce

de humanidade

e ter a alma nua, a alma nua

(angustiadamente nua)

e um fio de sangue a escorrer

da cor da vida.



É por isso que eu quero estar só.

Pois, é por isso!

É por isso que eu quero estar só

agarrado às traves da minha angústia

que é a angústia de todos nós

do tamanho desta noite intemporal.



Não, que ninguém me diga nada

absolutamente nada!

O tempo há-de passar

como passam as rosas e os ciprestes.

E nós havemos todos de acordar

talvez de mãos unidas e alma descarnada

a sorrir às pedras.

Mas não me digam nada!



* * *



Há do lado de lá da vida

um caminho verde e virgem

e uma marcha de silêncio perde-se

para além das nuvens.



M. Vaz Sousa



P.S. - Creio que é interessante referir que este poema foi escrito no já longínquo ano de 1963

e que foi seleccionada para abrir os meus "posts" pela referência aos CIPRESTES.

Comboio Nocturno para Lisboa

OBRIGATÓRIO LER

A história começa numa manhã chuvosa, uma mulher prepara-se para saltar de uma ponte, em Berna. Raimund Gregorius, professor de latim e grego, evita que ela o faça. A mulher é portuguesa, mas é a sonoridade da pronúncia "portuguesa" que o vai marcar e no mesmo dia, ao sair do liceu, vai a uma livraria e descobre um livro de um autor português, Amadeu Inácio de Almeida Prado, intitulado "Um Ourives das Palavras".

O livreiro traduz-lhe uma passagem e ele fica fascinado. Decide aprender português e, uma noite, sem conseguir explicar porquê, entra num comboio para Lisboa para descobrir a real história de Amadeu Almeida Prado, médico, que morreu 30 anos antes, em 1975, pouco depois da Revolução dos Cravos, "numa descoberta do outro que acaba por ser uma descoberta de si próprio".

Lisboa torna-se para Raimund Gregorius o local de todas as revelações: dos mistérios da vida humana, da coragem, do amor e da morte.

E mais não digo...
NÃO
não tenho medo de morrer aqui
nem receio os cães velocíssimos de guarda
às azenhas não reveladas de teu corpo

medo da memória
sim ... receio que as cabeças tristes dos galgos
aqueçam na fulguração breve dos relâmpagos
e corram repentinamente para fora do papel fotográfico
destruindo estes preciosos trabalhos do olhar

Al Berto

Impressão Digital

Os meus olhos são uns olhos,
e é com esses olhos uns
que eu vejo no mundo escolhos,
onde outros, com outros olhos,
não vêem escolhos nenhuns.

Quem diz escolhos, diz flores!
De tudo o mesmo se diz!
Onde uns vêem luto e dores,
uns outros descobrem cores
do mais formoso matiz.

Pelas ruas e estradas
onde passa tanta gente,
uns vêem pedras pisadas,
mas outros gnomos e fadas
num halo resplandecente!!

Inútil seguir vizinhos,
querer ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos!
Onde Sancho vê moinhos,
D.Quixote vê gigantes.

Vê moinhos? São moinhos!
Vê gigantes? São gigantes!

António Gedeão

Friday, April 18, 2008

As palavras

Num espaço dedicado à língua portuguesa, um poema de Eugénio de Andrade

As palavras

São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

ABRAÇO

É na insónia das noites como esta
- Ah, tenebrosas noites de punhais! -
Quando o sono-dos-justos-e-que-tais
É luarenta, silenciosa sesta,

Que eu rasgo a escuridade da floresta,
Virgem floresta de árvores irreais,
E mergulho, me afundo, desço mais
No para-lá da noite que me resta.

Espalho-me vento a sibilar, fagueiro,
Bebo nos olhos o luar-sem-fim,
Cavalgo a escuridão-despenhadeiro.

É nessas noites, como esta, assim...
Que abraço numa estrela o mundo inteiro,
Que sinto o mundo palpitar em mim.

VS

BEM-VINDOS

Por sugestão de alguns amigos ciprestianos (relativos ao site Acerca dos Ciprestes) acabei por criar este espaço... a fim de que uma comunidade que se formou, a propósito do CNLP2007, não só não se disperse e mas tenha um espaço seu, e que fomente a partilha de opiniões...

um abreijo (como já sói dizer-se)